A mente e outras drogas.

... Reticências luminosas invadem a sala da mente para me fazer ter a esperança simplória das crianças que sorriem perante o pisca-pisca dos enfeites de Natal. Os olhos se enchem d'água e o martelar das luzes que piscam começam a incomodar meu juízo.
Fixo-me à parede, prendo-me ao rodapé esperando que a luz flutue para outro cômodo, um que não seja a sala ou o quarto. Pontos faíscam tão belos e me sinto atraída da mesma forma que sou atraída por águas-vivas perdidas na areia da praia; traiçoeiras como a noite esperando um toque para me fazer marcada em chamas sem fogo presente. Pontos faíscam e corro depressa, mas não para longe. Vou para o fim que me cerca e pede contato físico com dor sem reservas.
Na sala de mim, ainda imóvel, vejo tudo chegar como num filme caseiro. Brega, verdadeiro, sentimental por exagero e alienador por convicção.
Pontos-vírgula tentam romper a proteção do alheio que trago projetada sempre a dois passos de mim. Figurante na cena do meu mundo real não tenho inveja, não tenho medo, não tenho nada.
... Reticências luminosas são o meu universo de agora; a infinita e inquieta esperança de que podemos dar certo lá na chegada já que aqui na largada somos esse querer disforme.
A sala é meu cartão de visitas; exposta ao público, planejada, mas não falsa: INVENTADA!
Presa em quadro, ainda lido com o perigo das reticências luminosas clarearem as fechaduras dos outros cômodos que o público nunca viu encaixadas na sala, meu cenário.
Os pontos, diversão que trago no peito, são os poderes que tenho sobre o público-alvo, a beira do precipício que trilho sempre muito bem acompanhada e que por hora tem dado certo, ainda não caímos lá do alto.
A mente lateja e já não sei quem sou. A casa é a mesma, tudo parece igual ao que era antes da escrita surgir. Seria um sonho, talvez, pesadelo afinal. E em estado de choque o meu corpo revela pontos-vírgula tatuados na carne. Só um lembrete de quaisquer que sejam meus cenários, eu vivendo apenas comigo, não sou nada.
Nem frase, tampouco palavra.

3 Comentários:

karina b. comentou:

nossa que ... eu queria falar foda.. mas ia ficar pesado..auhauh.. muiiito bom ..

Jussara Nascimento comentou:

Sempre surpreendendo-me... adorei!

Gislãne Gonçalves comentou:

Belíssimo texto!

:)

Beijos.

 
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